quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Decisão da Eletrobras de renovar as concessões irrita acionistas

A Eletrobras confirmou que vai renovar as concessões das suas usinas conforme quer o governo. A decisão provocou a renúncia do representante dos acionistas minoritários no conselho de administração da estatal, José Luiz Alquéres, que rejeitou a decisão da companhia.
Oficialmente, a Eletrobras disse que a saída se deveu a "questões pessoais". As suas ações caíram 5,65% ontem. 

O executivo viajou ontem para a Noruega. O país é sede do fundo de investimento Skagen, que nesta semana enviou carta à Eletrobras alertando para os riscos de aderir à medida provisória 579. 

Elaborada pelo governo, a MP condiciona a renovação das concessões à redução da tarifa de energia, o que reduzirá a receita das empresas. 

Na carta, o fundo norueguês (um dos principais acionistas privados da estatal) prevê "uma expressiva redução dos preços da energia em até 70%", além de um "impacto negativo sistêmico no mercado brasileiro". 

"Não seria surpreendente ver um aumento de ceticismo por parte de investidores estrangeiros com relação ao mercado brasileiro, especialmente com relação aos valores mobiliários das concessionárias", afirma o Skagen. 

PROMESSA - O governo vai garantir "de alguma forma" a diminuição média de 20% nas tarifas de energia anunciada em setembro, mesmo na hipótese de alguma concessionária deixar de aderir às novas regras, afirmou ontem o ministro Guido Mantega (Fazenda). Ele não deu detalhes, mas disse que prefere não usar recursos do Tesouro para assegurar essa redução. 

O governo tem pressa em diminuir o custo de energia porque isso é fundamental para que o Brasil cresça mais de 4%, afirmou o ministro. "Eu quero ressaltar a urgência dessa redução, pois vivemos uma crise internacional e temos que dar competitividade à economia", disse. 

Ele disse ter certeza de que as concessionárias vão aderir em massa à proposta de renovação antecipada das concessões por mais 30 anos.  "Se tiver algum resíduo, vamos resolver de alguma forma. Mas não abrimos mão de uma redução média de 20%." 

Ele destacou que as empresas não são obrigadas a aceitar a redução de tarifa, mas, nesse caso, terão que participar de um novo leilão quando vencer o contrato (2015 ou 2017). "Estão pressionando hoje porque querem ter as duas coisas: manter a tarifa alta e renovar a concessão. Não dá para ter as duas coisas." (Folha de S. Paulo)

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