Representantes do setor de energético defenderam uma mudança no atual modelo de leilão de energia, na abertura do XIV Congresso Brasileiro de Energia, realizado ontem, no Rio de Janeiro. De acordo com os presentes, os leilões deve-riam ser regionais, respeitando a abundância e as especificidades locais. A atual sistemática leva em conta apenas o menor preço para a demanda especificada pelas distribuidoras, independente do local de geração da energia e sua fonte.
Para José Alcides Santoro, diretor de Gás e Energia da Petrobras, a diversidade da matriz energética brasileira e a concentração de certa fonte em deter-minado local reforçam a ideia de regionalidade. “Não pode-mos abrir mão de nenhuma fonte energética, pois elas se complementam. Os próximos leilões deveriam levar em consideração tanto as fontes, bem como seus preços em certa regiões”, explica Santoro.
Segundo ele, o país precisa ainda decidir qual a participação desejada de cada fonte em sua matriz, para assim, se planejar melhor. Cesar Weinshenk de Faria, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Carvão, defendeu que o atual modelo é ruim para o equilíbrio do sistema. “São fontes diferentes, que não deviam ser comercializadas juntas.
Talvez tenha chegado o momento de debater o modelo dos leilões, pois a for-ma como o processo vem sendo conduzidos não atende às necessidades de equilíbrio do sistema”, ressaltou, referindo-se à região Sul, que apesar de ser grande produtora de carvão, passa por problemas em seu sis-tema energético. Weinshenk defendeu a participação do combustível fóssil nos leilões, mesmo que pequena. “A ideia inicial era eliminação total da geração térmica, mas com o atraso de algumas hidrelétricas, a solução foi reto-mar a participação do gás.
Esta-mos trabalhando para mostrar ao governo que não dá para ficar sem gás entre os combustíveis fósseis na matriz”, argumentou. Paulo Godoy, presidente da CPFL Geração, também falou sobre as mudanças que considera necessárias nos próximos certames do setor. Para ele, os leilões deveriam ser regionais e respeitar as características das fontes, dando espaço para formas de geração energia consideradas alternativas, como a nuclear e a eólica.
“Precisa haver um aperfeiçoamento dos leilões tanto por fonte quanto por localização, e dar oportunidade às energias eólica e nuclear”, disse. “Se pegar-mos o balanço geográfico previsto até 2016, temos superávit, mas se olharmos exclusivamente para a região Sul, temos déficit preocupante. Seria importante termos um leilão de térmica na região”, afirmou Godoy (Brasil Econômico)
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