O pacote que deve ser anunciado pela presidente Dilma em setembro, cujo principal objetivo será reduzir o custo da energia elétrica no país, pode afetar as geradoras que possuem usinas com concessões que expiram em 2015, entre elas a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). As ações das duas estatais, porém, estão longe de apresentar um desempenho ruim na bolsa.
A Cemig, ao contrário, ganhou destaque entre as elétricas, mesmo com a iminência de um pacote. As ações da empresa controlada pelo Estado de Minas acumulam uma alta de 55,7% neste ano e de 97% nos últimos 12 meses, superando com folga o índice Ibovespa, que subiu 4,7% e 8,8%, respectivamente (até o dia 16 de agosto).
A forte valorização tem um motivo. A Cemig está prestes a embolsar até R$ 1,9 bilhão do governo de Minas, envolvendo o pagamento de uma antiga dívida do Estado. E esse dinheiro deve parar, em parte, no bolso dos acionistas. De acordo com o analista do Banco Safra, Sérgio Tamashiro, a direção da estatal acredita que uma decisão deve sair ainda neste mês.
"Em nossos cálculos, considerando-se um desconto de 35% [na dívida], a Cemig contabilizaria um ganho da ordem de R$ 1,9 bilhão ou R$ 1,2 bilhão após imposto de renda. Considerando-se um "pay-out" [parcela do lucro destinada aos acionistas] de 50%, R$ 622 milhões poderiam ser pagos como dividendos adicionais", diz o analista do Safra.
No caso da Cesp, a definição do impasse em torno da renovação das sua concessões, dúvida que se arrasta há anos, abrirá o caminho para que o Estado de São Paulo privatize a geradora. "Não faltariam interessados na aquisição da empresa", afirma um executivo do setor. Na avaliação de um analista, a eliminação das incertezas será, de forma geral, positivo para a Cesp, compensando eventuais queda nos preços da energia.
A geradora estatal também apresentou margens sólidas. Se considerado o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), a margem da Cesp cresceu para 73,1% no segundo trimestre deste ano, em relação aos 67,4% obtidos em igual período de 2011. As ações da companhia acumulam uma valorização de 21,27% neste ano e de 40,64% nos últimos doze meses.
No entanto, os papéis das elétricas já não têm mais um caráter tão defensivo quanto tinham no passado para os investidores. "Cada empresa tem lá seu problema", diz uma analista. E os problemas vão além do corte de preços que está sendo preparado pelo governo.
No caso da Tractebel, a empresa irá comprar a participação que sua controladora, a GDF Suez, possui na hidrelétrica de Jirau. É esperado que isso seja feito em 2013, o que afetará o caixa da companhia e, consequentemente, seus dividendos. Já a AES Tietê hoje vende sua energia para a distribuidora AES Eletropaulo por um preço bem mais alto que o oferecido nos leilões, benesse que acaba em 2015.
O cenário é pior para as distribuidoras, cujas margens devem emagrecer após as revisões tarifárias promovidas pelo governo.
As ações da Eletropaulo já caíram quase 40% este ano. A tarifa da distribuidora paulista, que foi reduzida em 2,2%, continua sob revisão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), envolvendo cabos não encontrados. "Trata-se de um risco, pois calculamos um reembolso de R$ 500 milhões ao consumidor, caso o cálculo seja retroativo a cinco anos", diz Tamashiro, do Safra. (Valor Econômico)
Leia também:
* O custo alto da energia para o consumidor livre
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A Cemig, ao contrário, ganhou destaque entre as elétricas, mesmo com a iminência de um pacote. As ações da empresa controlada pelo Estado de Minas acumulam uma alta de 55,7% neste ano e de 97% nos últimos 12 meses, superando com folga o índice Ibovespa, que subiu 4,7% e 8,8%, respectivamente (até o dia 16 de agosto).
A forte valorização tem um motivo. A Cemig está prestes a embolsar até R$ 1,9 bilhão do governo de Minas, envolvendo o pagamento de uma antiga dívida do Estado. E esse dinheiro deve parar, em parte, no bolso dos acionistas. De acordo com o analista do Banco Safra, Sérgio Tamashiro, a direção da estatal acredita que uma decisão deve sair ainda neste mês.
"Em nossos cálculos, considerando-se um desconto de 35% [na dívida], a Cemig contabilizaria um ganho da ordem de R$ 1,9 bilhão ou R$ 1,2 bilhão após imposto de renda. Considerando-se um "pay-out" [parcela do lucro destinada aos acionistas] de 50%, R$ 622 milhões poderiam ser pagos como dividendos adicionais", diz o analista do Safra.
No caso da Cesp, a definição do impasse em torno da renovação das sua concessões, dúvida que se arrasta há anos, abrirá o caminho para que o Estado de São Paulo privatize a geradora. "Não faltariam interessados na aquisição da empresa", afirma um executivo do setor. Na avaliação de um analista, a eliminação das incertezas será, de forma geral, positivo para a Cesp, compensando eventuais queda nos preços da energia.
A geradora estatal também apresentou margens sólidas. Se considerado o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), a margem da Cesp cresceu para 73,1% no segundo trimestre deste ano, em relação aos 67,4% obtidos em igual período de 2011. As ações da companhia acumulam uma valorização de 21,27% neste ano e de 40,64% nos últimos doze meses.
No entanto, os papéis das elétricas já não têm mais um caráter tão defensivo quanto tinham no passado para os investidores. "Cada empresa tem lá seu problema", diz uma analista. E os problemas vão além do corte de preços que está sendo preparado pelo governo.
No caso da Tractebel, a empresa irá comprar a participação que sua controladora, a GDF Suez, possui na hidrelétrica de Jirau. É esperado que isso seja feito em 2013, o que afetará o caixa da companhia e, consequentemente, seus dividendos. Já a AES Tietê hoje vende sua energia para a distribuidora AES Eletropaulo por um preço bem mais alto que o oferecido nos leilões, benesse que acaba em 2015.
O cenário é pior para as distribuidoras, cujas margens devem emagrecer após as revisões tarifárias promovidas pelo governo.
As ações da Eletropaulo já caíram quase 40% este ano. A tarifa da distribuidora paulista, que foi reduzida em 2,2%, continua sob revisão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), envolvendo cabos não encontrados. "Trata-se de um risco, pois calculamos um reembolso de R$ 500 milhões ao consumidor, caso o cálculo seja retroativo a cinco anos", diz Tamashiro, do Safra. (Valor Econômico)
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