O balanço estrutural de oferta e demanda de energia elétrica deverá seguir com folga nos próximos anos, o que deve prevalecer mesmo se fossem excluídas as usinas termelétricas com projetos problemáticos. O resultado reflete tanto a eficácia do atual modelo em garantir a expansão da oferta como a perspectiva de menor crescimento econômico. O aumento da oferta previsto foi concebido em um cenário de avanço econômico mais expressivo para o período 2012/16, o que acabou compensando os atrasos nos cronogramas de várias usinas e linhas de transmissão.
Um terço (33%) dos empreendimentos de geração que deveriam entrar em operação até 2016 tem algum grau de restrição quanto ao cumprimento do cronograma, segundo dados da Aneel. Em nossa avaliação, inclusive, boa parte dos projetos listados com "restrições" mereceriam a classificação de "graves restrições". A fim de avaliar a vulnerabilidade do balanço entre oferta e demanda de energia, simulamos exercícios com diversas capacidades de oferta e demanda. Além da variação nas condições de oferta, as simulações contemplam estimativas para a expansão da demanda entre 2012/16 em dois cenários: cenário básico de aumento do PIB da Tendências e cenário de estresse.
Em ambos, consideramos que ocorrerá em 2013 a interligação dos sistemas isolados de Manaus e de Macapá ao Sistema Interligado Nacional. No primeiro exercício, excluímos do balanço estrutural todas as usinas com projetos problemáticos contratadas nos leilões A-5/2007, A-3/2008 e A-5/2008 (capacidade total de 5.386 MW). No cenário básico, a expansão da demanda (carga de energia) seria de 5,1% ao ano até 2016. No de estresse, a alta seria de 6,1% ao ano.
Ambos apontam sobra de energia até 2015, com ligeiro deficit no cenário de estresse em 2016, mas que não preocupa dado o tempo hábil para a construção de usinas. No segundo exercício, mantivemos as hipóteses de demanda, mas adicionamos novas restrições ao cenário de oferta, com atraso de um ano nos cronogramas dos principais projetos de geração previstos para o nosso horizonte de análise.
Mesmo sob essas hipóteses, haveria sobra de energia nos dois cenários até 2014. Apenas a partir de 2015 é que haveria deficit para o cenário de estresse da demanda. Em 2016, o déficit seria estendido para o cenário básico de crescimento da carga. Porém, mesmo sob essas condições, o quadro também não seria alarmante, visto que haveria tempo para licitação e construção de novas usinas para suprir a demanda nesse horizonte. WALTER DE VITTO é mestre em Economia pela FEA-USP e analista da Tendências. (Folha de S. Paulo)
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