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Em junho, representantes de diferentes países presentes na Rio+20, no Rio de Janeiro, deverão assumir compromissos para aumentar a participação das fontes renováveis na matriz de geração de energia em todo o mundo. Entretanto, em nível mundial a demanda por energia até 2035 exigirá o crescimento da operação de usinas a carvão em cerca de 25%; de gás natural e de biomassa, em 55%; as nucleares e as hidrelétricas, em mais de 70%; e de outras fontes renováveis, em 597%. Esse é o quadro.
No Brasil, o crescimento da demanda por energia nos próximos anos será inferior apenas ao da Índia. Isso significa que precisamos concentrar esforços para viabilizar a construção de usinas utilizando todas as fontes energéticas disponíveis no País - com o compromisso de manter a presença majoritária das energias renováveis, considerando que atualmente há barreiras às vezes frugais para sua implementação. Cabe ressaltar que as providências e ações em curso no Brasil não são suficientes para possibilitar o atendimento do crescimento da demanda nas condições dos compromissos assumidos e a assumir.
As hidrelétricas são construídas com reservatórios ínfimos, sem capacidade plurianual - em meio a mudanças climáticas que alterarão o regime de afluência dos rios, levando a uma energia assegurada menor - e com custos socioambientais maiores, o que eleva o orçamento em até 29% de todo o valor do empreendimento. No caso da biomassa, vemos que nos leilões, apesar de figurarem com ofertantes, poucas têm conseguido ser contratadas, pela inadequação dos preços de venda de energia verificados em tais certames. As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) perderam o apelo e não têm sido prestigiadas como fonte de geração distribuída e de fácil e rápida implantação. As fotovoltaicas, apesar do apelo "fashion", ainda não têm preços viáveis. A energia solar, apesar do apelo e do seu desenvolvimento, tem custos altos para a originada em painéis fotovoltaicos e ainda é incipiente nos projetos termossolares.
As eólicas, cujo montante de contratação tornou o Brasil o centro de desenvolvimento e de atenção de todo o mundo, sofrem intrigantes exigências dos órgãos ambientais, tais como: tratamento das águas de lavagem das betoneiras utilizadas na execução de concreto das fundações das torres, com separação dos resíduos sólidos dos líquidos e destes da água, e do óleo que porventura tenha respingado quando da operação dos equipamentos. Tudo isso definido em estudos a serem aprovados, que demandam até um ano para que cada parque eólico possa iniciar sua construção.
Como se não bastasse, no leilão realizado em agosto de 2010, em que 50 usinas eólicas contrataram 1.520 MW para início de suprimento em janeiro de 2013, 26% da energia contratada foi destinada à CEA do Amapá. Essa empresa está com a concessão vencida, insolvente e sem nenhuma condição de ter seus contratos aceitos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Tudo isso impede o financiamento da construção das usinas eólicas. O principal financiador dos projetos corretamente se recusa a aceitar o risco e os empreendedores estão paralisados, alguns pagando 18% de taxas nos empréstimos-ponte. Esse mesmo problema reapareceu no último leilão, pela participação da mesma empresa.
Quanto às térmicas, apesar da sua complementaridade, têm problemas de distintas naturezas - desde a exclusão, dos leilões de energia, daquelas que utilizariam carvão mineral até a ausência de garantia para o suprimento de gás natural àquelas que poderiam utilizar esse combustível para gerar energia.
Pelo que se observa, se não houver uma liderança efetiva e lúcida de processos como esses do governo, não poderemos vir a garantir o atendimento da demanda por energia a preços competitivos, quiçá de fontes renováveis.
As hidrelétricas são construídas com reservatórios ínfimos, sem capacidade plurianual - em meio a mudanças climáticas que alterarão o regime de afluência dos rios, levando a uma energia assegurada menor - e com custos socioambientais maiores, o que eleva o orçamento em até 29% de todo o valor do empreendimento. No caso da biomassa, vemos que nos leilões, apesar de figurarem com ofertantes, poucas têm conseguido ser contratadas, pela inadequação dos preços de venda de energia verificados em tais certames. As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) perderam o apelo e não têm sido prestigiadas como fonte de geração distribuída e de fácil e rápida implantação. As fotovoltaicas, apesar do apelo "fashion", ainda não têm preços viáveis. A energia solar, apesar do apelo e do seu desenvolvimento, tem custos altos para a originada em painéis fotovoltaicos e ainda é incipiente nos projetos termossolares.
As eólicas, cujo montante de contratação tornou o Brasil o centro de desenvolvimento e de atenção de todo o mundo, sofrem intrigantes exigências dos órgãos ambientais, tais como: tratamento das águas de lavagem das betoneiras utilizadas na execução de concreto das fundações das torres, com separação dos resíduos sólidos dos líquidos e destes da água, e do óleo que porventura tenha respingado quando da operação dos equipamentos. Tudo isso definido em estudos a serem aprovados, que demandam até um ano para que cada parque eólico possa iniciar sua construção.
Como se não bastasse, no leilão realizado em agosto de 2010, em que 50 usinas eólicas contrataram 1.520 MW para início de suprimento em janeiro de 2013, 26% da energia contratada foi destinada à CEA do Amapá. Essa empresa está com a concessão vencida, insolvente e sem nenhuma condição de ter seus contratos aceitos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Tudo isso impede o financiamento da construção das usinas eólicas. O principal financiador dos projetos corretamente se recusa a aceitar o risco e os empreendedores estão paralisados, alguns pagando 18% de taxas nos empréstimos-ponte. Esse mesmo problema reapareceu no último leilão, pela participação da mesma empresa.
Quanto às térmicas, apesar da sua complementaridade, têm problemas de distintas naturezas - desde a exclusão, dos leilões de energia, daquelas que utilizariam carvão mineral até a ausência de garantia para o suprimento de gás natural àquelas que poderiam utilizar esse combustível para gerar energia.
Pelo que se observa, se não houver uma liderança efetiva e lúcida de processos como esses do governo, não poderemos vir a garantir o atendimento da demanda por energia a preços competitivos, quiçá de fontes renováveis.
Ou seja, por falta de política pública, não estamos aproveitando o fato de sermos, entre os países emergentes, aquele que tem a maior diversidade de oferta de energia primária. Autor: Adriano Pires e Abel Hotz (O Estado de S. Paulo)
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