sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eletrobras investirá R$ 13 bilhões em 2012

O orçamento para os investimentos da Eletrobras em 2012 ainda está sendo fechado, mas a perspectiva é de que os recursos destinados à expansão dos negócios deverá alcançar R$ 13 bilhões, um crescimento de 30% ante os R$ 10 bilhões estimados até o fim deste ano. A empresa tem feito simulações com diversos cenários de performance da economia para confirmar esse valor para 2012. No longo prazo, a empresa tem como foco manter a sua base de fontes renováveis para geração de energia, incluindo reforço em eólicas e até mesmo energia solar, que já está em estudo.

Para ajudar no financiamento desses aportes a companhia realizou uma captação de US$ 1,75 bilhão, não havendo previsão de quando deverá ocorrer a próxima captação de recursos. Em entrevista exclusiva ao DCI, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, afirmou que essa previsão de investimento para o ano que vem tem como base os compromissos já assumidos pela companhia. "Nosso plano de negócios vai até 2015, mas avaliamos dados de um cenário até 2020 para nos posicionarmos nesse horizonte. Levamos em conta dados do Plano de Desenvolvimento Energético [PDE] de 2020 para termos os parâmetros."

Carvalho Neto mantém o tom político inerente a uma empresa do setor público em relação às pretensões da estatal no próximo leilão de energia que será realizado em 20 de dezembro. Ele disse que a Eletrobras analisa todas as 10 usinas cadastradas para o certame, mas admitiu que a preferência está na disputa para os dois maiores empreendimentos que podem ser licitados.

"Analisamos todas elas em busca do melhor retorno, e é claro que as maiores, Sinop (461 MW) e de São Manoel (746 MW), são as mais interessantes por terem maior escala - e o preço acaba sendo menor", explicou.

Essa meta de apostar em grandes usinas nos leilões tem como foco entrar de forma agressiva nos certames, fato que tem caracterizado os lances dados pela holding do setor. Apesar dessa perspectiva, o presidente da empresa disse: "Agressividade tem limite; ao mesmo tempo em que somos uma empresa do governo federal cujo papel é ser um instrumento facilitador para oferta de energia elétrica de baixo custo, também precisamos defender os interesses dos nossos acionistas, pois somos uma empresa de capital aberto. Apesar de nossos lances com deságios fortes, avaliamos sempre o custo do capital investido e estamos na média do setor", defendeu o executivo.

Novas fontes - Além disso, Carvalho Neto disse que a empresa deverá entrar forte em eólicas na Região Nordeste e no Sul do País, o que dá uma dica dos próximos passos da empresa. O executivo lembrou que as primeiras estimativas do segundo mapa do potencial eólico brasileiro apontam para uma capacidade de geração de algo entre 300 e 350 GW, ante os 143 GW medidos anteriormente, um aumento que pode chegar a mais de 140%. Essa diretiva tem como base a expectativa de que os aproveitamentos hidroelétricos brasileiros tenham se exaurido em 2030.

Outra forma de manter a base de ativos de geração e energia renovável passa ainda pela energia solar. A estatal já começou a estudar a geração elétrica por meio de usinas solares, mas para a geração de energia com turbinas movidas a valor. Para isso a empresa iniciou estudos para investir R$ 10 milhões em uma usina de 1 MW de potência mais R$ 3 milhões para interligação à rede básica. O local ainda não foi escolhido, mas será no nordeste.

"O custo da energia solar ainda está alto, mas vem sendo reduzido constantemente; contudo, ainda está inviável, comercialmente falando, mas para meados do século deveremos sanar esse problema", comentou. Para ele, depois de 2030 a geração de energia elétrica por gás natural deverá se constituir em uma das maiores fontes de avanço do setor.

A fonte nuclear continua no alvo da empresa, até porque precisa seguir o plano para 2030 que determina a construção de quatro a seis centrais termonucleares nesse período. A única central a entrar no sistema nesta década é Angra 3, que continua a ser construída e deverá iniciar geração em 2016. E, frisou o executivo, com um sistema de segurança muito mais eficaz e confiável do que o visto no Japão e a usina de Fukushima, afetada por terremoto e tsunami, em março.

"Essa fonte é interessante para o País porque temos o domínio do ciclo e enriquecimento do urânio; portanto, temos o combustível, já que o Brasil possui atualmente a sexta maior reserva do mineral e que pode ser maior com a prospecção de todo o território nacional", prevê.

De acordo com o PDE 2020, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil deverá investir na próxima década R$ 236 bilhões em energia elétrica. Desse valor 80% em geração e os 20% na expansão do sistema de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Um assunto que não pode ficar de fora dessa análise de mais longo prazo é a renovação das concessões. Tanto que o executivo aproveitou a sua presença em Recife, onde apresentou os desafios e investimentos da Eletrobras para o futuro em evento da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, seccional Pernambuco (ADVB-PE), para reunir-se com todos os presidentes das subsidiárias e com o diretor da parte brasileira da Itaipu Binacional, Jorge Samek, para discutir diversos temas, entre os quais o da renovação das concessões.

Nesse sentido a Chesf está no centro do debate. A subsidiária, que atua na Região Nordeste do País, tem 85% de sua estrutura de geração a ser devolvida à União, conforme estabelece a atual legislação. "Eu sou a favor da renovação das concessões de energia, defendo que seja feita com base na modicidade tarifária e que seja repassada ao consumidor", disse o executivo. "Não podemos, porém, fazer essa análise de um modo superficial; é preciso ver que as empresas vêm investindo de forma consistente e que há muitos ativos em estado de novo porque há um nível de investimentos em operação e manutenção que também precisam entrar na conta da amortização", acrescentou. (DCI)


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