segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aumento de encargo preocupa grandes consumidores

Os valores cobrados pelo Encargo de Serviços de Sistema (ESS), pago pelos consumidores de energia, estão chegando a níveis preocupantes para a indústria. O alerta é da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). A entidade estima que o ESS vai atingir cerca de R$200 milhões em agosto e R$210 milhões em setembro. Caso a previsão se confirme, o encargo chegaria a um total cobrado de R$1,1 bilhão até o final de setembro.

"Há alguns meses, estimávamos que o encargo atingiria no máximo R$ 1 bilhão neste ano. Mantido o ritmo atual, o valor vai ficar muito acima, pressionando os custos da energia de todos os consumidores", ressalta Paulo Pedrosa, presidente da associação. "A indústria vê com grande preocupação o crescimento dos encargos incidentes sobre a energia. Hoje o custo da energia usada pela indústria brasileira está entre os mais altos do mundo, o que compromete nossa competitividade no mercado internacional e também favorece a importação de bens produzidos com energia mais barata disponível aos competidores internacionais", completa Pedrosa.

Os cálculos da Abrace indicam que o ESS por Segurança Energética deve atingir R$ 127 milhões em agosto. O valor elevado se deve principalmente ao despacho de térmicas a gás para compensar a falta de água nos reservatórios das hidrelétricas, devida à falta de chuvas em todo o País. A tendência é que o valor do encargo continue crescendo. Isso porque, no início de setembro, por exemplo, o uso de gás natural nas térmicas atingiu o recorde de 33 milhões de metros cúbicos por dia, para despacho de quase 10 mil MW médios.

"Os consumidores contratados não deveriam pagar também pelo despacho fora da ordem de mérito das usinas térmicas a gás por conta da falta de chuvas, o que reduz o risco de quem lhes vendeu a energia", critica o presidente da Abrace. O executivo ainda afirma que "os consumidores pagam várias vezes pela segurança: em seus contratos de energia e por meio da contratação de energia de reserva".

A Abrace também acredita que o ESS por Restrições de Operação deve totalizar R$ 72 milhões. Essa parcela do encargo está relacionada principalmente aos problemas nas linhas de transmissão que interligam os estados de Acre e Rondônia ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O excesso de queimadas registradas na região nas últimas semanas tem causado o desligamento automático das linhas, para evitar riscos ao sistema. As usinas Termonorte I e II têm sido despachadas para garantir o abastecimento. (Jornal da Energia)
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