terça-feira, 27 de julho de 2010

União articula mais participação em Belo Monte

BRASÍLIA - Além de ter participação majoritária na Norte Energia S.A. - empresa que vai construir e operar a usina de Belo Monte - o governo assumirá uma posição estratégica no dia a dia da empresa. Sem alarde, o diretor de Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, foi eleito na semana passada presidente do Conselho de Administração da empresa. Homem de confiança da ex-ministra Dilma Rousseff, Cardeal foi responsável pela formatação da licitação da usina e articulou a composição da Sociedade de Propósito Específico (SPE), surgida a partir do consórcio vencedor da licitação de abril.

Nos próximos dias, deverá ser escolhida pelos 18 sócios a diretoria executiva da Norte Energia, empresa que está sendo constituída formalmente. Atualmente, o consórcio é comandado pelo diretor de Engenharia da Eletrobras Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Ailton Lima.

A escolha de Cardeal não surpreendeu os observadores do setor de energia, que avaliam que ele ganhou posição estratégica nas decisões da empresa.

- A diretoria executiva faz o que o conselho determina. Cardeal será o olho do dono na empresa, por quem passarão todas as diretrizes de Belo Monte - diz um empresário do setor.

Quatro grupos estão cotados para construir usina
Direta e indiretamente, via fundos de pensão, o governo detém 77,48% do capital da empresa. A Eletrobras e suas subsidiárias Chesf e Eletronorte têm 49,98%. A Petros tem 10%, e a Funcef, 2,5%, mais 5% do Caixa FI Cevix. A Previ, do Banco do Brasil, participa da Bolzano Participações, via Neoenergia, que tem 10% do capital. Os 22,52% restantes são divididos entre autoprodutores (10%) e nove empreiteiras (12,52%).

Além de diretor da Eletrobras, Cardeal foi presidente interino da estatal por alguns meses. Também presidiu o Conselho de Administração de Furnas e da Eletronorte. Participa dos conselhos de Eletrosul e Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul.

Quatro grupos estão cotados para construir a usina no Pará, orçada em R$ 25 bilhões: um é formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht, que haviam desistido da licitação pouco antes do leilão. Outro é formado pela construtora Andrade Gutierrez, que participava do consórcio derrotado. A lista se completa com os grupos Queiroz Galvão e OAS; Mendes Júnior; Serveng- Civilsan e Contern. Estes últimos são sócios da empresa.

A meta da Norte Energia é antecipar a conclusão de Belo Monte, prevista para outubro de 2015. O governo também tem pressa para encerrar os trâmites burocráticos. (O Globo)