segunda-feira, 2 de abril de 2012

Projeto da Tractebel testará potencial do sol em várias regiões

Um dos maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em energia solar previstos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no país está prestes a sair do papel. Elaborado pela Tractebel Energia e orçado em R$ 56,3 milhões, o projeto dará origem a segunda usina solar brasileira para operação comercial - já existe uma da MPX - com 3 megawatts no pico (MWp) e previsão para entrar em operação no fim de 2013. Para a construção da usina, a Tractebel irá desenvolver estudos com a instalação de oito módulos de avaliação, com sete tecnologias fotovoltaicas cada um, em oito regiões brasileiras com diferentes climas. O projeto terá duração de três anos e deve entrar em execução neste semestre.

A partir dos estudos a companhia decidirá o local que será implantada a usina, que venderá a energia para o mercado livre. O presidente da companhia, Manoel Zaroni, explicou ao Valor que do total do investimento, R$ 51,6 milhões serão custeados por recursos do programa de P&D que as concessionárias elétricas mantém junto à Aneel, sendo R$ 35 milhões da Tractebel e R$ 16,6 milhões de onze empresas cooperadas. Os outros R$ 4,7 milhões virão de empresas parceiras. O projeto de P&D é um dos 17 publicados pela Aneel, em janeiro, que somam investimento total de R$ 395,9 milhões.

O gerente do Departamento de Operação da Produção e de P&D da companhia, Sérgio Maes, afirmou que a empresa começou a trabalhar neste projeto em agosto, quando a agência fez a chamada pública. O trabalho está sendo desenvolvido em conjunto com o Grupo de Pesquisa Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ao todo, treze profissionais da Tractebel estão envolvidos.

"Haverá mão de obra das empresas cooperadas, das universidades e de contratadas, bem como intercâmbio com especialistas de diversos países com conhecimento na área solar", disse Maes.

"Como a tecnologia é nova no país, grande parte dos equipamentos será de origem importada", disse Maes. "Acreditamos que, com a criação de um mercado, vários fabricantes se instalarão no Brasil, a exemplo do que está ocorrendo com as eólicas", acrescentou.

Zaroni afirmou acreditar que a energia solar será largamente aplicada no país. Mas citou obstáculos a serem vencidos como o desenvolvimento de mercado, uma regulamentação específica, oportunidade de comercialização de energia, o estabelecimento de fornecedores de equipamentos e serviços e a capacitação de mão de obra. "Sem dúvida, um programa de incentivos fiscais semelhante ao posto em prática para as eólicas, e um programa de leilões anuais em montantes de energia crescentes seriam impulsos decisivos", frisou Zaroni.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está elaborando uma nota técnica que sugestões para o desenvolvimento da energia eólica no país. O documento, que trata de assuntos como incentivos fiscais e a inclusão da matriz energética nos leilões públicos de energia, deverá ser entregue para o Ministério de Minas e Energia em meados deste mês para ser tratado no âmbito político. Os detalhes sobre o material não são divulgados pela EPE. (Valor Econômico)


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