segunda-feira, 3 de maio de 2010

Analistas apostam que energia eólica predominará no leilão de renováveis

O próximo leilão de reserva, que será promovido pelo governo ainda no primeiro semestre, deve acabar contratando mais projetos eólicos. Segundo agentes ouvidos pelo Jornal da Energia, os empreendimentos de geração através dos ventos saem em vantagem, embora as usinas a biomassa possam também se destacar. A fonte eólica foi a que mais cadastrou projetos no certame: foram 399 parques que somam 10.569MW, equivalentes a 72% do total inscrito. Em segundo lugar, aparecem as usinas a biomassa, com 3.706MW e, por último, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com somente 255MW.

"A eólica deve sair como vencedora do leilão, seguida pela biomassa", arrisca o consultor da Andrade & Canellas, João Carlos de Oliveira Mello. Ele ainda afirma que as PCHs podem terminar a licitação sem nenhum empreendimento contratado. "O investidor está ali para testar o preço-teto. Se não agradar, ele pode achar mais interessante migrar para o mercado livre, onde as usinas têm uma vantagem competitiva".

Para Erik Rego, diretor-executivo da consultoria Excelência Energética, a eólica deve prevalecer até mesmo por ter mais parques cadastrados, mas a biomassa pode surpreender. "Se fosse um leilão em que todas fontes competissem entre si, as usinas eólicas iriam ter presença maciça. Mas, como as fontes foram separadas por produtos - e a biomassa ainda tem produtos especiais (com diferentes datas de entrada em operação) - ela deve garantir uma contratação maior do que em outro cenário". O analista ressalta que o preço-teto é quem vai definir o nível de competitividade. "Se a tarifa para a biomassa não for maior do que a da eólica, vai contratar muito pouco", avalia.

Quem aposta em um cenário um pouco diferente é o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel - UFRJ), Nivalde de Castro. O professor acredita que muitos parques eólicos devem desistir até a realização do leilão, enquanto o mesmo não acontecerá com as térmicas a biomassa. "Principalmente as usinas a bagaço de cana, que já estão disponíveis e estão diretamente vinculadas à produção de etanol e açúcar". Nivalde ressalta que as térmicas a biomassa "são a energia mais firme" entre as fontes que concorrerão no certame, o que também favoreceria sua contratação.

Para o professor da UFRJ, a maior parte dos projetos da fonte, localizada em São Paulo, já está disponível e necessita apenas de um contrato para a venda da energia. "São usinas praticamente para entrar no sistema já em 2011. Esse segmento deve ser priorizado", analisa Nivalde. (Jornal da Energia)