quinta-feira, 22 de abril de 2010

União 'blindou' preço da construção de Belo Monte

O governo "blindou" o preço da usina hidrelétrica de Belo Monte e construiu pré-contratos para evitar ter de ficar à mercê das grandes construtoras do país - Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e também a Queiroz Galvão e OAS - que buscaram até a última hora obter melhores tarifas. O lance vencedor, com tarifa de R$ 78, foi determinado por executivos da Eletronorte ligados ao primeiro escalão do governo.

Agora, como o consórcio vencedor está de posse de pré-contrato assinado com um grupo construtor, na modalidade conhecida como "porteira fechada", o governo quer dar as cartas do jogo e admite até mesmo a possibilidade da entrada de grandes construtoras que não foram ao leilão, como Camargo Corrêa e Odebrecht, desde que dentro dos parâmetros de preço e risco já fixados. Isso evita os contratos de preço unitário, pelos quais gastos extraordinários são assumidos pelos contratantes. A Queiroz Galvão (que tinha a OAS como associada) tentou melhorar as condições desse contrato de obras e por isso ameaçou sair do consórcio na última hora.

O consórcio ganhador, o Norte Energia, liderado por Chesf e Bertin, deve ser bastante remodelado. A Chesf vai ganhar a parceria da Eletronorte dentro de sua fatia de 49,98% do capital. O grupo deve ganhar a adesão dos fundos de pensão Petros (dos funcionários da Petrobras) e Funcef (funcionários da Caixa Econômica Federal), e do FI FGTS, fundo de investimentos em infraestrutura. Também se negocia a participação da estatal russa de energia Inter Rao Ues, que se cadastrou para o leilão, mas não pode participar porque não tem empresa constituída no Brasil.

Até o dia 23 de setembro, o plano do governo é conversar com pelo menos três grupos pesos-pesados de capital nacional - CSN, Gerdau e Braskem - para que ingressem no consórcio. O grupo Norte Energia fez sondagens e a Gerdau já teria respondido positivamente ao convite. (Valor Econômico)