O pacote de renovação das concessões do setor elétrico deve tirar da frente as incertezas que hoje impedem a Cesp, geradora de energia controlada pelo Estado de São Paulo, de pensar no futuro. É esperado que a presidente Dilma anuncie as medidas em setembro.
O assunto dominou a reunião realizada ontem com analistas de investimentos pelo presidente da Cesp, Mauro Arce, que procurou se esquivar das perguntas. "Não quero prever nada", afirmou. Um dos principais entraves para a geradora paulista é a impossibilidade de renegociar suas dívidas com os bancos, uma vez que ninguém sabe ainda como ficarão as empresas que possuem usinas cujas concessões expiram em 2015.
A dívida da Cesp, que totalizava R$ 3,9 bilhões no fim de junho, é considerada cara pelos analistas, que veem espaço para uma sensível redução dos juros pagos pela empresa. Do total devido pela geradora, R$ 1 bilhão vence em 2013 e R$ 1,4 bilhão em 2015.
Ao responder uma pergunta do analista do banco Santander, Márcio Prado, o diretor financeiro da Cesp, Vicente Okasaki, afirmou que a intenção da empresa é renegociar. Mas esse não será um processo simples por envolver antigos arranjos entre o tesouro federal e o governo do Estado de São Paulo.
A empresa, por exemplo, possui uma dívida em torno de R$ 1 bilhão que vence em 2015 e que está atrelada ao IPCA mais 9,75% ao ano. Hoje, a companhia poderia trocar essa dívida pela metade do custo, afirma um analista.
Também há uma forte expectativa no mercado que, após o anúncio sobre a renovação das concessões, o governo paulista retome o projeto de privatizar a empresa.
Em dezembro, muitos contratos de fornecimento da Cesp terminam, o que fará com que a companhia tenha 609 MW médios de energia disponível para venda no mercado livre. Esses contratos foram vendidos em 2004, em leilão.
Segundo Arce, a oferta não deve afetar o PLD (Preço de Liquidação de Diferença), ou o preço da energia no mercado spot. Segundo ele, a formação do PLD não é influenciada por esse tipo de fator, mas por variáveis climáticas.
A venda dessa energia, porém, pode ser um bom negócio para Cesp. O PLD médio saltou de R$ 20,45 o MWh no segundo trimestre de 2011 para R$ 164 no segundo trimestre deste ano, ou 702%. "A tendência é que, no terceiro trimestre, o PLD continue alto", disse Arce. Os preços, que ficaram em julho em R$ 91,24, voltaram a subir para R$ 106,59 na segunda semana de agosto e para R$ 116,30 na terceira semana deste mês.
Enquanto os termos para a renovação das concessões não são conhecidos, a Cesp vive um dia após o outro. "A gente faz o que pode", disse Arce, que tomou cuidado para não cair na armadilha de sinalizar o possível preço que a Cesp aceitaria vender sua energia daqui para frente. A previsão é que o governo obrigue as geradoras a vender a energia mais barata.
Mas há dúvidas de como isso será feito. As geradoras possuem liberdade de preços, enquanto as distribuidoras são reguladas por tarifas fixadas pelo governo e que passam por ciclos de revisão. (Valor Econômico)
Leia também:
* Artigo: Uma luz no fim do túnel
* Aneel publica norma sobre medidores eletrônicos
* Lucro da Eletrobras cresce 300% e atinge R$ 1,349 bi
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Eletronorte, Cemig, Aneel, Eletrosul e Abradee
Leia também:
* Artigo: Uma luz no fim do túnel
* Aneel publica norma sobre medidores eletrônicos
* Lucro da Eletrobras cresce 300% e atinge R$ 1,349 bi
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Eletronorte, Cemig, Aneel, Eletrosul e Abradee