A Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), entidade que reúne nomes como Vale, Votorantim, Gerdau, ArcelorMittal, CSN e Alcoa, entre outros, decidiu promover um estudo de viabilidade do uso da energia eólica pelos grandes consumidores industriais. Uma das constatações é de que, embora o custo da chamada energia limpa seja superior ao da gerada pelas fontes tradicionais (leia-se hidrelétricas), as empresas não deveriam descartar o vento como fonte energética.
Em primeiro lugar, porque, em termos relativos, os custos de produção já baixaram muito em relação ao passado, como foi constatado no primeiro leilão de energia eólica, realizado no final de 2009.
Em segundo lugar, a recomendação tem a ver com o tema da sustentabilidade. A despeito do custo de produção, a possibilidade de que as empresas passem a exibir o selo verde da energia limpa pode funcionar como um diferencial de mercado numa série de países da Europa e da Ásia, além dos Estados Unidos. "Seria de muito valor estratégico para uma empresa ter, por exemplo, 5% de energia eólica em sua matriz energética", disse Mario Menel, presidente da Abiape, à repórter Renée Pereira.
"Seria um tremendo reforço de imagem nesses mercados exigentes e sensíveis à questão do meio ambiente." Segundo Menel, a Abiape deverá coordenar a implantação de um parque experimental de energia eólica, com capacidade para a geração entre 50 e 100 megawatts (MW), como forma de popularizar a alternativa sustentável entre seus associados. Ao mesmo tempo, será feito um esforço de envolvimento dos fabricantes de equipamentos para energia eólica, no sentido de uma redução de preços e viabilização dos projetos.
Comparado a mercados mais amadurecidos, como o europeu, americano e chinês, o do Brasil ainda tem uma posição discreta em termos de produção e consumo de energia eólica. A capacidade instalada no País é de 606 MW, contra 9,9 mil MW nos EUA ou 25, 1 mil MW na China, líder mundial. As perspectivas, porém, são de crescimento: no Leilão de Reserva de 2009, foram comercializados 1,8 mil MW a serem entregues até 2012. (O Estado de São Paulo)