sexta-feira, 14 de novembro de 2014

País terá que aumentar uso de outras fontes

O Brasil será obrigado a expandir a produção de energia a partir de outras fontes, além da hidrelétrica, para atender à demanda projetada até 2050. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, afirmou ontem que na lista de alternativas estão fontes como a energia nuclear, o carvão mineral e especialmente o gás natural. Segundo o secretário, a capacidade de elevação da produção de energia hidrelétrica se esgotará ao longo da próxima década.


Além da limitação na oferta de energia hídrica, o quadro é de expansão do consumo de eletricidade. De acordo com os cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda total por energia (incluindo suas várias fontes, como petróleo, carvão, gás, álcool, hidrelétrica e eólica) mais que dobrará até 2050. No caso específico da energia elétrica, a demanda triplicará no período. E a demanda o gás natural, visto como um insumo estratégico, “mais que triplicará”, com destaque para o consumo residencial e industrial, que deverão apresentar taxas de expansão de 7,1% e 4,2% ao ano, respectivamente.

Ventura prevê a construção de quatro a seis usinas nucleares nas próximas décadas, a construção de usinas de energia elétrica baseadas em carvão para atender à Região Sul, onde há jazidas do mineral, mas, no caso do gás, há ainda um obstáculo: o elevado preço de produção no Brasil, na casa de US$ 12 por milhão de BTUs (British Thermal Unit). O setor petrolífero brasileiro terá que expandir sua produção e eficiência até chegar a um patamar entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTUs. “Mas o Brasil vai encontrar gás, gás associado ao pré-sal”, afirmou Ventura. De qualquer forma, segundo ele, será necessário investir na indústria de produção de gás

de forma a torná-la competitiva em relação ao mercado internacional. “Havendo gás — e é possível haver essa oferta — poderemos fazer um programa de expansão”, afirmou. Segundo ele, seria possível expandir a produção de energia elétrica a partir do gás em 10 mil megawatts, o equivalente a dez usinas do porte da Termorio.

De acordo com a EPE, haverá uma crescente penetração do gás natural na matriz energética brasileira, deslocando o consumo de derivados de petróleo na indústria e nas residências (óleo combustível e GLP, principalmente) até 2050. Há também a expectativa de elevação da eficiência da produção e do consumo de energia, o que fará com que a demanda cresça abaixo do PIB. A EPE usou como referência um cenário econômico em que o consumo final de energia crescerá a um ritmo de 2,2% ao ano, contra uma expansão de 3,6% do PIB, ao ano. Essa expansão do PIB integra um cenário de crescimento econômica médio, que já teve, em outros planos, o apelido de “surfando na marola”.

As projeções da empresa estão nos estudos do Plano Nacional de Energia 2050, em fase final de elaboração. Ontem, governo e representantes dos setores intensivos no consumo de energia debateram os cenários socioeconômicos e de demanda da estatal. Ainda de acordo com a EPE, o consumo residencial subirá de 24 milhões de TEPs (toneladas equivalentes de petróleo), em 2013, a 44 milhões em 2050 (1,7 % a.a.), e a frota de veículos leves triplicará.

Segundo a EPE, haverá crescente penetração do gás natural na matriz energética, deslocando o consumo de derivados de petróleo na indústria e nas residências até 2050. (Brasil Econômico)
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