Desde que o governo federal publicou a medida provisória 579, a fim de reduzir os preços da energia, foram perdidos R$ 105 bilhões, segundo cálculos feitos pelos especialistas Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), e Mário Veiga, da consultoria PSR.
O valor é equivalente a um ano de receitas das distribuidoras de energia.
A perda bilionária foi causada pelo desequilíbrio entre receitas e despesas das distribuidoras, pela baixa geração de energia por usinas hidrelétricas e pelas indenizações pagas às empresas que aceitaram renovar as concessões de usinas e linhas de transmissão por meio da MP.
Por causa da medida, a maioria das distribuidoras ficou sem energia suficiente para fornecer a seus clientes. Para contornar o problema, elas foram obrigadas a recorrer ao mercado de curto prazo, segmento no qual a energia é mais cara.
O pequeno volume de chuvas acentuou a crise. O preço da energia do mercado de curto prazo (o PLD –preço de liquidação das diferenças) é calculado principalmente sobre a expectativa de água afluente nos reservatórios.
A partir de fevereiro, o PLD esteve próximo do teto permitido em lei, de R$ 822,83 por megawatt-hora.
Os autores ressaltam que 60% do valor será pago pelos consumidores de energia, por meio de aumentos nas tarifas. Os outros 40% serão arcados pelos contribuintes.
FEITO ÁGUA - Segundo os especialistas, em 2013, o governo gastou R$ 20 bilhões entre repasses às distribuidoras (R$ 10 bilhões) e indenizações (outros R$ 10 bilhões) às empresas que aceitaram renovar concessões por meio da medida.
Em 2014, os gastos subiram para R$ 54,9 bilhões, principalmente pelos efeitos do pequeno volume de chuvas.
Com o aumento do PLD, os repasses às distribuidoras subiram para R$ 21,8 bilhões.
Outros R$ 10 bilhões foram gastos com indenizações.
Além disso, um outro prejuízo, de R$ 23,1 bilhões, apareceu neste ano: o de geradores de energia que não conseguiram gerar eletricidade suficiente para honrar seus contratos.
Os autores ainda incluem na conta uma projeção de perdas de R$ 30,5 bilhões para o próximo ano.
O uso permanente de usinas térmicas custarão R$ 8,5 bilhões e outros R$ 22 bilhões precisarão ser gastos em indenizações às empresas.
Pires afirma que os números mostram que essa é uma das maiores crises vividas pelo setor elétrico na história. "O racionamento em 2001 causou um rombo de R$ 25 bilhões. Essa crise, sem racionamento, já custou quatro vezes mais", diz. (Folha de SP)
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