A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi obrigada a reduzir em quase 25% o volume de energia que deveria ser adicionado ao parque elétrico nacional neste ano por causa de atrasos em grandes obras de geração de energia. Em janeiro, a Aneel havia projetado acrescentar um total de 10.126 megawatts (MW) de potência à matriz elétrica do País, atualmente em 132 mil MW. No fechamento de outubro, porém, a agência revisou sua previsão, reduzindo a 7.641 MW o volume para todo o ano de 2014.
Essa frustração de 2.485 MW ajudou a pressionar ainda mais as usinas térmicas, que desde o ano passado operam a plena carga para tentar aliviar o estado crítico dos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas.
A redução no volume de energia previsto pela Aneel foi puxada, principalmente, pelo atraso nas operações da hidrelétrica de Jirau, em construção no Rio Madeira, em Porto Velho (RO). A usina, cujo projeto prevê a operação de 50 turbinas quando estiver concluída, vai fechar 2014 com 18 turbinas ligadas, quando seu cronograma previa que 40 turbinas estivessem em operação até o fim deste ano. No cronograma de operações de Jirau, afirma a Aneel, os atrasos chegam a 24 meses.
"Dos 2.482,81 MW de diferença, um montante de 900 MW pode ser explicado por alteração na previsão das UGs (unidades de geração) da hidrelétrica Jirau", afirma a Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração da Aneel, em seu primeiro boletim do ano.
O consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), dono da usina de Jirau, informou que, na semana passada, colocou a sua 16.ª turbina em operação comercial e que, dessa forma, teria "zerado o atraso em relação ao cronograma inicial de leilão do projeto". Um processo da ESBR, em andamento na Aneel, pede à agência a reconsideração do cronograma original da usina por causa de paralisações ocorridas durante a construção da hidrelétrica.
Outro projeto atrasado destacado pela órgão de fiscalização é a termelétrica Maranhão III, usina que tem capacidade total de 518 MW. O projeto, que pertencia ao empresário Eike Batista, hoje é controlado pela empresa Eneva.
A térmica a gás instalada no Maranhão está com suas obras concluídas e já recebeu autorização da Aneel para iniciar os testes de geração em suas três turbinas. O problema é que as obras de acesso ao campo de gás que vai alimentar suas máquinas não foram concluídas a tempo. Por meio de nota, a Eneva informou que tem trabalhado com a empresa PGN, responsável pelas obras de acesso ao combustível, "a fim de otimizar a produção de gás natural, considerando o cenário atual de alto despacho termelétrico no Brasil." As negociações, segundo a empresa, incluem medidas como gestão dos poços existentes e perfuração de outros.
Meta atingida. O Ministério de Minas Energia (MME) minimizou, porém, as preocupações com a revisão de aumento de energia previsto pela agência.
Em nota, o MME fez uma distinção entre o acompanhamento feito pela Aneel e pelo ministério. "É necessário que fique claro que o trabalho da Aneel é fiscalizar os empreendimentos e o do MME é estabelecer a melhor data para considerar os empreendimentos no planejamento da operação, bem como realizar ações com o objetivo de garantir essas datas e reduzir os atrasos das obras", declarou.
"A estimativa do MME para expansão da geração para o ano de 2014 definida no mês de dezembro de 2013 foi de 6 mil MW, valor que já foi alcançado no mês de outubro de 2014, quando atingimos 6.003,84 MW", informou o ministério. (O Estado de São Paulo)
Leia também:
* Crise do setor elétrico já custou R$ 105 bi
* Crédito proposto pelo governo pode ser insuficiente
* Aneel admite rever proposta sobre energia no mercado à vista
* Crise do setor elétrico já custou R$ 105 bi
* Crédito proposto pelo governo pode ser insuficiente
* Aneel admite rever proposta sobre energia no mercado à vista