sexta-feira, 21 de março de 2014

Não há risco de racionamento, dizem secretários aos bancos

 Em encontro com 13 economistas-chefes de grandes instituições financeiras, os secretários do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e de Política Econômica, Márcio Holland, se esforçaram para diminuir as dúvidas sobre o pacote de socorro às distribuidoras e deixar claro que, para o governo, não há risco de racionamento de energia elétrica.

Na avaliação dos secretários, conforme os economistas convidados, o que há é um desequilíbrio financeiro de curto prazo causado pelo uso mais prolongado das térmicas devido à falta de chuvas. "Não existe plano B. O governo está apostando nas chuvas. Se elas não vierem, algo será pensado para 2015", disse um economista.

Outro ponto discutido foi o empréstimo de R$ 8 bilhões a ser feito pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que, de acordo com a área econômica do governo, será garantido por recebíveis das distribuidoras após uma mudança na regulação do setor pela Aneel. Um dos economistas chegou a propor, como forma de capitalizar as distribuidoras, que recebíveis fossem transformados em títulos/bônus para serem vendidos aos investidores. Os secretários ficaram de estudar a ideia.

Para lidar com esse descasamento, o governo anunciou na semana passada um pacote de medidas que vai destinar R$ 12 bilhões às distribuidoras neste ano. O impacto das medidas no cumprimento da meta fiscal e nas tarifas de energia elétrica não foi debatido. "Há uma preocupação com a defasagem entre a compra da energia pela distribuidora a um alto preço e o repasse desse custo ao consumidor", disse.

Segundo o economista da Opus Gestão de Recursos, José Marcio Camargo, o governo mencionou que a entrada de cinco mil megawatts de energia no mercado mais baratos - por conta do fim do contrato de concessão com Cemig, Cesp e Copel -, deverá ajudar a amenizar o repasse para as tarifas.

Nele, espera-se que as distribuidoras consigam contratar a energia que não pôde ser adquirida em leilões anteriores. Devido a essa exposição involuntária, as empresas vêm sendo obrigadas a comprar energia no mercado livre, no qual o preço tem se mantido em R$ 822 - valor máximo permitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - desde fevereiro.

No relato de outro participante da reunião, Augustin, que monopolizou a discussão, explicou de forma "bastante tranquila e sensata" a alta recente dos preços de energia, e também tentou acalmá-los com boas previsões para o próximo leilão, destacando que existem cinco mil megawatts de energia para serem vendidos no ano que vem a R$ 30 o megawatt-hora. "O leilão garante contratos de longo prazo às empresas. Não faltará oferta de energia", ponderou.

De acordo com ele, mesmo com o baixo nível dos reservatórios e a escassez de chuvas, o cenário atual não impõe restrição no uso de energia. "Só faltaria energia se não chovesse por três anos seguidos. Não é esse o caso". Ao término da reunião, os economistas avaliaram o encontro como produtivo para os "dois lados". "Não quer dizer que concordamos, mas a parte técnica foi esclarecedora", comentou um dos participantes. (Valor Econômico)Leia também: