quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lobão volta a afastar racionamento de energia este ano

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que não há risco de desabastecimen-to de energia no país, mesmo que o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste não chegue a 43% até abril, como prevê o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo ele, não haverá problemas de abastecimento "em nenhuma circunstância", mas o governo deseja que chegue a esse nível, considerado "confortável". "Mesmo que não se chegue a esse nível, não teremos desabastecimento em nenhuma circunstância. Mas nós desejamos que chegue a abril nesse nível", disse Lobão.

Anteontem, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que o órgão espera que os reservatórios das hidrelétricas do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste cheguem ao final de abril com armazenamento médio de água em pelo menos 43% da capacidade total. Segundo ele, esse índice é suficiente para garantir o fornecimento de energia no país, em 2014 e em 2015. Ontem, o nível dos reservatórios do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste estava em 35,33%, segundo o ONS. As chuvas que começaram a cair no Brasil nos últimos dias reduziram o ritmo de queda do nível dos reservatórios, mas ainda não foram suficientes para reverter o processo.

O ministro Lobão disse que o suprimento de energia do país está garantido com o uso de térmicas, mesmo com o custo mais caro de produção de energia. "As térmicas são feitas para isso, são uma reserva estratégica em um momento de dificuldade". Segundo ele, o governo sabia, desde que as usinas termelétricas foram construídas, que o acionamento delas custaria mais caro. Ele acrescentou que o governo ainda não decidiu se aumentará o aporte do Tesouro, para cobrir o custo das térmicas e evitar que o preço seja repassado para os consumidores. A declaração reforça posicionamento feito um dia antes pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O orçamento da União prevê um gasto de R$ 9 bilhões com compensação às distribuidoras pelo alto custo das térmicas, mas a expectativa é que a despesa seja maior. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que abriria consulta pública para avaliar um reajuste extraordinário de 4,6% nas tarifas deenergia, como forma de compensar o prejuízo das distribuidoras de energia.

Reservatórios de água em SP voltam a cair
O volume de água no Sistema Cantareira voltou a cair, e chegou ontem a 18,2% da capacidade. O Sistema Cantareira é o maior da Região Metropolitana de São Paulo e abastece as regiões norte e central, além de partes das zonas leste e oeste da capital, mais os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, e partes dos municípios de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.

Os reservatórios estão sendo afetados pela falta de chuvas — situação atípica nesta época do ano. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a média histórica de chuvaparao mêsdefevereiro é de 202,6 milímetros. No entanto, até o momento, foram registrados apenas 48,7 milímetros. (Brasil Econômico)
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