segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Térmicas já custam 50% mais que o previsto

O uso contínuo de energia das termelétricas gerou um gasto bilionário para o governo. O valor desembolsado até junho pode chegar ao dobro do previsto para o ano. O pagamento dessa energia, mais cara e mais poluente, somava até junho R$ 3,9 bilhões, segundo a Eletrobras. Em maio, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) estimou em R$ 2 bilhões o gasto até o fim do ano. A despesa será repassada aos consumidores, ao longo de cinco anos. Segundo o ministro, trará um aumento máximo de 3% na tarifa. 


Apesar de o relatório de gastos ser contabilizado pela Eletrobras, o ministério contesta os valores. Em nota, técnicos argumentam que outras despesas foram incluídas. O valor efetivo despendido foi de R$ 3 bilhões.  Ainda assim, há um aumento em relação aos últimos anos. No ano passado, as térmicas custaram R$ 1,7 bilhão, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Em 2010 e em 2011, foram R$ 670 milhões e R$ 6,1 milhões, respectivamente. 

As termelétricas funcionam como um estoque de emergência de eletricidade. Se os reservatórios das hidrelétricas estão com nível baixo de água, o governo autoriza o uso das térmicas (movidas a gás, óleo e carvão) para garantir o abastecimento.  Desde o fim do ano passado, as térmicas vêm sendo mais usadas e por mais tempo. Os recursos para evitar que isso bata diretamente no bolso do consumidor saem da Cde (Conta de Desenvolvimento Energético), uma espécie de fundo que banca, por exemplo, o programa Luz Para Todos. O Tesouro tem injetado dinheiro na conta. 

No início de julho, o saldo da Cde estava em apenas R$ 371,2 milhões. Foram repassados R$ 4,9 bilhões vindos de outro fundo do setor elétrico (Rgr --Reserva Global de Reversão). Na semana passada, o Tesouro realizou um terceiro repasse. Já foram injetados R$ 2 bilhões. (Folha de S. Paulo)