segunda-feira, 13 de maio de 2013

Orçado em R$ 16 bilhões, custo da Usina de Belo Monte já supera os R$ 30 bilhões

A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, foi orçada em R$ 16 bilhões, leiloada por R$ 19 bilhões e financiada por R$ 28 bilhões. Quase dois anos depois do início das obras, o valor não para de subir. Já supera R$ 30 bilhões e pode aumentar ainda mais com as dificuldades para levar a construção adiante. 

Com a sequência de paralisações provocadas por índios e trabalhadores, estima-se que a obra esteja um ano atrasada. Se continuar nesse ritmo, além dos investimentos aumentarem, a concessionária poderá perder R$ 4 bilhões em receita. 

Ovaivém dos números dater-ceiramaiorhidrelétrica do mundo deve acertar em cheio a rentabilidade dos acionistas, que em 2010 estava calculada em 10,5%. Hoje, as planilhas dos analistas de bancos de investimentos já apontam um retorno real de 6,5% ao ano. 

A Norte Energia, concessionária responsável pela construção da usina de 11.233 mega-watts (MW) no Rio Xingu, evita falar de indicadoresfinanceiros e afirma apenas que os valores (de R$ 25 bilhões) foram corrigidos para R$ 28,9 bilhões. 

Leiloada em abril de 2010, a usina foi arrematada por um grupo de empresas reunidas pelo governo para que a disputa tivesse concorrência. Desde então, o projeto tem sido pressionado por uma série de fatores em áreas distintas. A montagem eletromecânica dos equipamentos, por exemplo, até hoje não foi contratada, e um dosmo-tivos seria a elevação dos preços dos serviços, de R$ 1 bilhão paracercade R$ 1,6 bilhão. Custos ambientais e gastos administrativos também estão bem acima das previsões iniciais. 

Junta-se a essa lista as despesas indiretas com mão de obra, como cestabásica e tempo para visitarafamília. Dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) mostram que, em apenas um ano e meio,ovalor da cestabási-ca dos trabalhadores de Belo Monte subiu 110% e o intervalo entre as visitas das famílias, pagas pelaempresa, recuou de 180 dias para 90 dias. 

Vale destacar que a obra tem 22 mil trabalhadores, e a maioria fica em alojamentos. Qualquer mudança nos benefícios -mesmo que pequena - tem impacto relevante no orçamento. As interrupções dos trabalhos por causa das invasões e greves também são fatores que explicam o aumento dos custos. Até quinta-feira, cerca de 7 mil trabalhadores do sítio Belo Monte, onde está sendo construída a casa de força da usina, ficaramparados por causada invasão de 83 índios no local. A paralisação durou umasemana. Desde o início das obras da hidrelétrica, foram 15 invasões (e 16 dias de greve) que paralisaram as atividades e ajudaram a atrasar o cronograma em cerca de um ano. 

Aceleração. Recuperar o tempo perdido exigiria um programa de aceleração das obras e significaria elevar os custos de mão de obra, dobrar turnos ou contratar mais gente. Ainda assim, afirmam executivos que trabalham na obra, não é certeza de que a hidrelétrica seja entregue no prazo estabelecido. Desde a década de 70, quando os primeiros estudos começaram a ser feitos. Belo Monte é motivo de polêmica.

Pela dimensão do investimento e sua visilidade no mundo inteiro por causa das questões ambientais, o projeto é alvo de reivindicações e protestos. Ninguém duvida que novas greves e invasões vão ocorrer até o fim da obra. Pelo cronograma original, as operações da usina devem começar em dezembro de 2014. Hoje, porém, apenas 30% das obras estão concluídas. (O estado de S. Paulo)

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