quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Incertezas sobre os efeitos da MP se refletem nas ações das companhias

O movimento de alta nas ações das elétricas no início do pregão perdeu força ontem durante o decorrer do dia. Em casos como o da Cesp e da Cemig, que registravam elevação no início do dia, a direção se inverteu, resultando em queda no fechamento da bolsa.


O otimismo em relação à possibilidade de revisão das indenizações por parte da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) começou a se dissipar, ao menos parcialmente. Os analistas consultados pelo Valor entendem que é um movimento esperado de volatilidade no setor e resultado de informações cruzadas de fontes do governo.

"Há muita incerteza, ninguém consegue calcular nada direito e vai ficar essa situação até que saiam os dados oficiais, por enquanto é especulação pura", afirmou Pedro Galdi, analista da SLW Corretora. Galdi ressaltou que há muito "disse me disse" de contexto político afetando a negociação das ações. Ele citou, por exemplo, a fala do presidente da Aneel. Romeu Rufino, assim como havia feito Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), sinalizou que as indenizações das elétricas podem ser revistas, mas que não há "mudanças de conceito" na avaliação dos ativos, o que foi visto como uma mensagem de moderação.

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, confirmou que reajustes podem acontecer, mas que, se ocorrerem, serão "marginais".

Tolmasquim disse ao Valor, na segunda-feira, que estavam sendo avaliadas revisões das indenizações, o que foi visto como flexibilização no discurso do governo. Contudo, agora, aparecem sinais de que as revisões não serão tão abrangentes.

"Esses papéis estão na base do rumor, do zum zum zum político, do que pode acontecer ou não; de substância não tem nada", avaliou Adriano Moreno, da Futura Investimentos.

Segundo os analistas, a Eletrobras está sofrendo menos agora porque já acumula uma queda muito grande nos últimos meses. "Está muito errático e difícil de determinar o que afeta uma ou outra empresa", disse Moreno.

Durante o dia, os papéis da Eletrobras PNB chegaram a registrar alta de 6,7%, mas fecharam com alta moderada, de 3,4%. Os papéis ON da estatal atingiram alta de 6,8%, mas fecharam com ligeiro recuo de 0,4% no fim do pregão. Os papéis da Cesp PNB operaram em baixa durante o dia de ontem e finalizaram com queda de 6,08%. O mesmo ocorreu com Cemig ON, que encerrou com baixa de 3,26%, os papéis PN apresentaram ligeira queda durante o dia, mas fecharam com desvalorização de 3,17%.

Nos próximos dias, o consenso dos analistas é de que deve continuar grande a volatilidade nos preços das ações das elétricas. "O que acontecer nos próximos dias vai influenciar muito as ações, como as assembleias gerais com acionistas e também todo o trâmite da MP 579 no Congresso", disse Rafael Dias, analista do BB Investimentos.

Aneel avalia distribuidoras deficitárias da Eletrobras 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem monitorado as concessionárias de distribuição controladas pela Eletrobras. Embora enfrentem dificuldades financeiras, a agência ainda não prevê realizar intervenção nessas empresas. A informação foi dada pelo diretor da Aneel Julião Coelho. "Estamos sempre de olho para saber como está a qualidade do serviço."

Julião foi questionado sobre as sinalizações que a agência tem dado sobre a possibilidade de intervenção das distribuidoras deficitárias do grupo estatal na região Norte. O diretor disse que a Aneel não faz "ameaças" aos agentes do setor.

Parte das distribuidoras do grupo Eletrobras está impedida de realizar reajustes tarifários dada a condição de inadimplência em relação a encargos setoriais, entre outros. Essas concessionárias têm como desafio atender à regiões de concessões extensas e a consumidores localizados em áreas dispersas.

A nova administração da companhia, comandada por José da Costa Carvalho Neto, recebeu a missão de implantar um plano de saneamento na gestão das distribuidoras do grupo. A Eletrobras tem a expectativa que essa situação seja revertida com o novo programa.

"Não é só uma situação econômico-financeira que justifica uma intervenção, mas também a qualidade [de serviços]", disse Julião. "Hoje, elas [distribuidoras da Eletrobras ] têm uma qualidade que deixa a desejar. Os nossos indicadores mostram isso", afirmou o diretor ao sair de uma reunião da agência. (Valor Econômico)

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