O pacote de medidas para redução da tarifa de energia, anunciado pelo governo federal tem deixado as elétricas brasileiras no escuro. Entre as que aguardam um posicionamento do governo está a Chesf, empresa que atua na geração e transmissão de energia elétrica.
Diante da falta de informação sobre o novo valor da tarifa a ser praticada, a Chesf, comandada pelo executivo João Bosco de Almeida, já iniciou estudo de cenário par anão ter surpresas no futuro. “Estamos rodando cenários de possíveis valores que temos escutado pelo mercado. Na verdade ainda não sabemos qual o valor da tarifa para a energia e transmissão. Só vamos conhecer essa tarifa em novembro e avaliar se foi bom ou não”. Atualmente, a Chesf comercializa o megawatt-hora (MWh), em média, por R$ 92 e já afirma que espera que o valor seja reduzido de forma considerável, fazendo com que ocorra perda de receita.
Segundo rumores de mercado, a nova tarifa pode atingir R$ 30. “O que podemos afirmar neste momento é que o valor de R$ 30 é muito apertado, mas estamos preparados”, destacou o presidente. Diante de um cenário pouco animador, João Bosco de Almeida disse que para preservar os investimentos da empresa já estuda formas de reduzir os custos. “Nossa expectativa é de manter os investimentos, em função da indenização estabelecida pelo governo, o que nos ajudará a apresentar resultados positivos”, afirmou.
Nos planos da Chesf está um investimento acima de R$ 4 bilhões até 2015, com parte da captação sendo de origem da indenização que a empresa receberá do governo. É que de acordo com o pacote, o Estado vai pagar uma indenização pelos ativos da estatal que não estão totalmente amortizados, como a hidrelétrica de Xingó e uma parte do sistema de transmissão. “Ainda não sabemos o valor da indenização, mas de acordo com o governo teremos direito a dois terços do valor total”, garante.
De acordo com rumores do mercado, a expectativa é que esta indenização fique entre R$ 8 bilhões e R$10 bilhões. Questionado, o presidente da Chesf afirma que caso este seja o valor a ser recebido pela empresa terá, então, condições de realizar investimentos anuais de R$ 1bilhão.
Dúvidas - A ansiedade perante o futuro não é um cenário exclusivo da Chesf. Na avaliação de Alexei Vivan, presidente do conselho administrativo da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE) as empresas e o mercado estão apreensivos e em compasso de espera. “O viés do governo éa redução das tarifas de energia ao consumidor final e, na forma divulgada, isso pode representar perda de receita para as concessionárias.
Como a tarifa que será agora regulada para os geradores não foi definida, o potencial impacto assusta”, avaliou. Para o presidente da ABCE, a Medida Provisória 579 vai trazer várias preocupações para as empresas. Segundo Vivan, preocupa a indefinição quanto ao preço da energia que será fixado para as geradoras e sua receita, o mesmo em relação à RAP (Receita Anual Permitida) para as transmissoras de energia.
“Preocupa, ainda, a insegurança jurídica que a constante alteração das regras causa. Altera-se alei em 2004 extinguindo o artigo que previa prorrogação e, agora, os critérios para prorrogação são novamente alterados. Os contratos de concessão deveriam ser cumpridos segundo as regras existentes quando foram assinados. Isso é estabilidade jurídica.
Demissão - O novo pacote para a energia não tem animado os trabalhadores do setor elétrico. De acordo com a Sinergia -Bahia, sindicato do setor elétrico baiano, a nova medida pode “destruir as empresas geradoras de energia do país, incluindo a Chesf”. Por meio de comunicado a entidade afirma que as consequências para a Chesf e para o s trabalhadores serão traumáticas. “Para a Chesf continuar existindo, terá que adotar cortes de despesas, atingindo nossos direitos e nossos postos de trabalho.”
Segundo João Bosco, presidente da Chesf, a empresa lançará em breve um Plano de Desligamento Voluntário par aos funcionários aposentados ou com tempo de serviço para se aposentarem. “Esta-mos estudando um plano de ajuste de pessoas. O que posso afirmar agora é que faremos uma re-posição menor do que o número de pessoas desligadas.” (Brasil Econômico)
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