sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Energia eólica terá leilões anuais

Após o sucesso inesperado das 
eólicas no último leilão de energia 
realizado há um mês, o governo 
já sinaliza coma possibilidade 
de colocar a fonte de vez nas rodadas 
anuais de negociação. “A 
energia eólica já chegou agora em 
uma fase em que está competitiva”, 
analisou Maurício Tolmasquim, 
presidente da Empresa de 
Pesquisa Energética (EPE), órgão 
do Ministério de Minas e Energia 
(MME), em evento em São Paulo 
no início desta semana. “Realizamos 
estes leilões todos os anos. 
Não tem por que a energia eólica 
não estar”, disse.

A fonte já foi incluída em dois 
destes leilões desde o ano passado, 
em uma espécie de piloto, já 
que, por ser uma tecnologia mais 
jovemdas disponíveis atualmente, 
tendia também a ser a mais 
cara. No último evento, no entanto, 
alcançou deságios na faixa 
dos 26% e se converteu subitamente 
em uma dasmais baratas. 

A garantia de leilões regulares 
era a única indefinição que 
restava que pudesse inibir investimentos 
e a entrada de novos 
interessados no negócio no 
Brasil. “Se não há continuidade 
para o programa, não se criam 
as condições necessárias nem 
para atrair fabricantes e consolidar 
uma cadeia de fornecedores 
no país, nem para formar 
uma base de tecnologia e pesquisa”, 
defende o diretor de 
gestão da Associação Brasileira 
de Energia Eólica (ABeeólica), 
Otávio Silveira.

É algo similar ao que aconteceu 
como Proinfa, programa de 
incentivo a fontes alternativas, 
lançado em 2002 como medida 
pós-apagão, que primeiro colocou 
a energia eólica no mapa 
brasileiro. Foi de lá que saíram 
os primeiros 1,4 mil megawatts 
de parques contratados — 
“mas, como não houve continuidade 
de política, isso não 
evoluiu”, conta Silveira. 
Isso explica estes projetos estarem 
sendo concluídos apenas 
agora, oito anos depois. Os primeiros 
700 MW foram instalados 
em2009 e, até final de 2010, serão 
concluídos os demais 700MW. 

Leilões e indústria nascente 
Depois do programa de 2002, as 
eólicas só voltaram ao planejamento 
de governo no ano passado, 
quando, após meses de 
adiamentos, finalmente se fez o 
primeiro leilão para a fonte. 
Realizado em dezembro, o leilão 
negociou 1,8 milMWde parques 
a serem construídos até 2012.

No mês seguinte, uma série de 
fabricantes já anunciava projetos, 
engavetados até então na 
espera por demanda, de implantar 
fábricas Brasil — caso 
das multinacionais GE, Siemens, 
Vestas, Alstome outras. 
“A implantação dessa indústria 
é irreversível. Mas, não havendo 
continuidade, é menos 
custoso para elas desativarem o 
parque do que se manterem sem 
atividade”, diz Silveira, da 
Abeeólica. Nos cálculos da associação, 
a fonte precisa ter leilões 
regulares por pelo menos 10 
anos para consolidar o mercado 
no Brasil e, com sorte, ainda fazer 
do país base de exportação 
para aAmérica Latina. 

Segundo o presidente da EPE, 
é natural que a fonte componha 
regularmente os próximos leilões. 
A intenção é que integrem 
os chamados A-3, que vendem 
para as distribuidoras a energia a 
ser utilizada três anos à frente. 
Estes leilões são realizados 
anualmente, desde 2005, com o 
objetivo de garantir o abastecimento 
futuro. 

Nos últimos anos, 
priorizaram as térmicas, mais 
rápidas e baratas de entrarem 
em serviço, mas mais poluentes. 
A partir deste ano, o objetivo 
do governo é priorizar as 
fontes renováveis, como hidrelétricas, 
eólicas e biomassa. (Brasil Econômico)
.
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