Após o sucesso inesperado das
eólicas no último leilão de energia
realizado há um mês, o governo
já sinaliza coma possibilidade
de colocar a fonte de vez nas rodadas
anuais de negociação. “A
energia eólica já chegou agora em
uma fase em que está competitiva”,
analisou Maurício Tolmasquim,
presidente da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), órgão
do Ministério de Minas e Energia
(MME), em evento em São Paulo
no início desta semana. “Realizamos
estes leilões todos os anos.
Não tem por que a energia eólica
não estar”, disse.
A fonte já foi incluída em dois
destes leilões desde o ano passado,
em uma espécie de piloto, já
que, por ser uma tecnologia mais
jovemdas disponíveis atualmente,
tendia também a ser a mais
cara. No último evento, no entanto,
alcançou deságios na faixa
dos 26% e se converteu subitamente
em uma dasmais baratas.
A garantia de leilões regulares
era a única indefinição que
restava que pudesse inibir investimentos
e a entrada de novos
interessados no negócio no
Brasil. “Se não há continuidade
para o programa, não se criam
as condições necessárias nem
para atrair fabricantes e consolidar
uma cadeia de fornecedores
no país, nem para formar
uma base de tecnologia e pesquisa”,
defende o diretor de
gestão da Associação Brasileira
de Energia Eólica (ABeeólica),
Otávio Silveira.
É algo similar ao que aconteceu
como Proinfa, programa de
incentivo a fontes alternativas,
lançado em 2002 como medida
pós-apagão, que primeiro colocou
a energia eólica no mapa
brasileiro. Foi de lá que saíram
os primeiros 1,4 mil megawatts
de parques contratados —
“mas, como não houve continuidade
de política, isso não
evoluiu”, conta Silveira.
Isso explica estes projetos estarem
sendo concluídos apenas
agora, oito anos depois. Os primeiros
700 MW foram instalados
em2009 e, até final de 2010, serão
concluídos os demais 700MW.
Leilões e indústria nascente
Depois do programa de 2002, as
eólicas só voltaram ao planejamento
de governo no ano passado,
quando, após meses de
adiamentos, finalmente se fez o
primeiro leilão para a fonte.
Realizado em dezembro, o leilão
negociou 1,8 milMWde parques
a serem construídos até 2012.
No mês seguinte, uma série de
fabricantes já anunciava projetos,
engavetados até então na
espera por demanda, de implantar
fábricas Brasil — caso
das multinacionais GE, Siemens,
Vestas, Alstome outras.
“A implantação dessa indústria
é irreversível. Mas, não havendo
continuidade, é menos
custoso para elas desativarem o
parque do que se manterem sem
atividade”, diz Silveira, da
Abeeólica. Nos cálculos da associação,
a fonte precisa ter leilões
regulares por pelo menos 10
anos para consolidar o mercado
no Brasil e, com sorte, ainda fazer
do país base de exportação
para aAmérica Latina.
Segundo o presidente da EPE,
é natural que a fonte componha
regularmente os próximos leilões.
A intenção é que integrem
os chamados A-3, que vendem
para as distribuidoras a energia a
ser utilizada três anos à frente.
Estes leilões são realizados
anualmente, desde 2005, com o
objetivo de garantir o abastecimento
futuro.
Nos últimos anos,
priorizaram as térmicas, mais
rápidas e baratas de entrarem
em serviço, mas mais poluentes.
A partir deste ano, o objetivo
do governo é priorizar as
fontes renováveis, como hidrelétricas,
eólicas e biomassa. (Brasil Econômico)
.
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