Para baratear a eletricidade para as indústrias, promessa feita pela presidente Dilma Rousseff aos empresários, o governo pretende cortar parte dos encargos setoriais, que são taxas que vêm embutidas na conta de luz e representam 18% do valor. A questão ganhou status de prioridade na agenda de medidas estruturais do governo e deverá ser anunciada no segundo semestre. Dilma está preocupada com o risco de a indústria de alumínio Alcoa fechar suas plantas no País por causa do elevado custo da eletricidade, um insumo usado intensivamente na produção do metal.
Os encargos servem, por exemplo, para diminuir o custo da eletricidade na região Norte, onde parte é gerada com a queima de óleo, e por isso é mais cara do que a energia hidrelétrica. Os recursos também financiam ações como o Luz para Todos e de incentivos ao uso de fontes alternativas. A arrecadação deles deve somar R$ 18,46 bilhões este ano, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
O corte nos encargos é o centro de uma disputa nos bastidores do governo. De um lado, a Fazenda defende sua redução. A avaliação é que essa é a melhor forma de ajudar a indústria. A alternativa seria cortar o PIS-Cofins e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mas acredita-se que isso de nada adiantaria, pois hoje, na prática, as empresas já não pagam esses tributos. O que elas recolhem é convertido em créditos tributários, que podem ser compensados com outros impostos e contribuições a pagar.
“No máximo, isso traria um ganho no fluxo de caixa”, comentou Fernando Umbria, assessor da diretoria da Abrace. Ele comentou que a questão é decidir se o que se quer é dar mais competitividade às empresas ou baixar tarifas. O corte nos tributos, de fato, baixaria as tarifas e isso poderia beneficiar, por exemplo, o consumidor residencial. Mas as empresas não sentiriam nenhum impacto no bolso com isso, portanto, não ganhariam competitividade.
Do outro lado, parte do Ministério de Minas e Energia, sobretudo a Eletrobrás, resiste à mudança. Isso porque a estatal administra parte das receitas dos encargos. O titular da pasta, Edison Lobão, defende a redução do ICMS, que junto com o PIS-Cofins representa em média 32% da conta de luz.
A redução do custo da eletricidade propriamente dita é outro tema que se arrasta desde o governo passado. A expectativa é que os preços caiam com o vencimento, em 2015, dos contratos de concessão de um conjunto grande de geradoras de energia. Oficialmente, o governo ainda não decidiu se vai renovar essas concessões - o que dependeria de mudança na lei - ou se vai oferecer as licenças em uma nova licitação. Nos bastidores, porém, todos apostam na renovação, em troca da redução das tarifas.
Simulações feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que nessa hipótese a queda no preço poderia ser de algo entre 3% e 12%. O governo precisa tomar a decisão ainda este ano. Isso porque as usinas geradoras cujas licenças vão vencer em 2015 têm contratos de venda de eletricidade que vão só até 2013. A lei diz que novos contratos precisam ser leiloados no ano anterior, ou seja, até dezembro próximo.
Se o governo divulgar logo o que resolveu em relação às concessões, se renovação ou nova licitação, isso influenciará o preço dos leilões de venda. Assim, dizem os técnicos, é possível antecipar para 2013 os efeitos que só seriam esperados em 2015.
Operador Nacional do Sistema Elétrico vê melhora em situação na região Sul do País
O abastecimento de energia da região Sul do País deverá ser normalizado com o início de chuvas e a chegada do fenômeno El Niño, após a bacia do rio Iguaçu ter chegado próximo ao seu menor nível no início de abril, informou o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
A seca da região Sul levou o governo brasileiro a recusar um pedido do Uruguai para aumentar o fornecimento de energia em abril, já que o país vizinho também sofre com a estiagem, assim como a Argentina. O rio Iguaçu chegou a registrar um volume de 26% do seu nível normal, próximo ao recorde histórico de 25% registrado em 2006. “A situação é menos preocupante, temos a perspectiva da entrada do El Niño, que vai trazer mais chuvas. É esperar essa previsão se concretizar”, disse Chipp. (Jornal do Comércio - RS)
Leia também:
* Governo quer fim do reajuste de energia
* União estuda mudança nas regras do setor energético
* Taxa da conta de luz é usada para financiar a dívida do governo
* Decisão da Aneel faz mercado prever menos dividendos de distribuidoras
* Comissão da Câmara discute em audiências prorrogação das concessões do setor
Os encargos servem, por exemplo, para diminuir o custo da eletricidade na região Norte, onde parte é gerada com a queima de óleo, e por isso é mais cara do que a energia hidrelétrica. Os recursos também financiam ações como o Luz para Todos e de incentivos ao uso de fontes alternativas. A arrecadação deles deve somar R$ 18,46 bilhões este ano, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
O corte nos encargos é o centro de uma disputa nos bastidores do governo. De um lado, a Fazenda defende sua redução. A avaliação é que essa é a melhor forma de ajudar a indústria. A alternativa seria cortar o PIS-Cofins e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mas acredita-se que isso de nada adiantaria, pois hoje, na prática, as empresas já não pagam esses tributos. O que elas recolhem é convertido em créditos tributários, que podem ser compensados com outros impostos e contribuições a pagar.
“No máximo, isso traria um ganho no fluxo de caixa”, comentou Fernando Umbria, assessor da diretoria da Abrace. Ele comentou que a questão é decidir se o que se quer é dar mais competitividade às empresas ou baixar tarifas. O corte nos tributos, de fato, baixaria as tarifas e isso poderia beneficiar, por exemplo, o consumidor residencial. Mas as empresas não sentiriam nenhum impacto no bolso com isso, portanto, não ganhariam competitividade.
Do outro lado, parte do Ministério de Minas e Energia, sobretudo a Eletrobrás, resiste à mudança. Isso porque a estatal administra parte das receitas dos encargos. O titular da pasta, Edison Lobão, defende a redução do ICMS, que junto com o PIS-Cofins representa em média 32% da conta de luz.
A redução do custo da eletricidade propriamente dita é outro tema que se arrasta desde o governo passado. A expectativa é que os preços caiam com o vencimento, em 2015, dos contratos de concessão de um conjunto grande de geradoras de energia. Oficialmente, o governo ainda não decidiu se vai renovar essas concessões - o que dependeria de mudança na lei - ou se vai oferecer as licenças em uma nova licitação. Nos bastidores, porém, todos apostam na renovação, em troca da redução das tarifas.
Simulações feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que nessa hipótese a queda no preço poderia ser de algo entre 3% e 12%. O governo precisa tomar a decisão ainda este ano. Isso porque as usinas geradoras cujas licenças vão vencer em 2015 têm contratos de venda de eletricidade que vão só até 2013. A lei diz que novos contratos precisam ser leiloados no ano anterior, ou seja, até dezembro próximo.
Se o governo divulgar logo o que resolveu em relação às concessões, se renovação ou nova licitação, isso influenciará o preço dos leilões de venda. Assim, dizem os técnicos, é possível antecipar para 2013 os efeitos que só seriam esperados em 2015.
Operador Nacional do Sistema Elétrico vê melhora em situação na região Sul do País
O abastecimento de energia da região Sul do País deverá ser normalizado com o início de chuvas e a chegada do fenômeno El Niño, após a bacia do rio Iguaçu ter chegado próximo ao seu menor nível no início de abril, informou o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
A seca da região Sul levou o governo brasileiro a recusar um pedido do Uruguai para aumentar o fornecimento de energia em abril, já que o país vizinho também sofre com a estiagem, assim como a Argentina. O rio Iguaçu chegou a registrar um volume de 26% do seu nível normal, próximo ao recorde histórico de 25% registrado em 2006. “A situação é menos preocupante, temos a perspectiva da entrada do El Niño, que vai trazer mais chuvas. É esperar essa previsão se concretizar”, disse Chipp. (Jornal do Comércio - RS)
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