Artigo: por Adriano Pires, Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), escreve sobre o assunto.
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o crescimento de 2,7% do PIB em 2011. Na avaliação do governo, o resultado foi fraco, ensejando a necessidade de adoção de medidas de estímulo à economia.
A análise do número mostra que o desempenho da economia não foi tão ruim e a comparação dos dados do IBGE com o consumo de energia corrobora essa ideia. O mau desempenho da economia esteve fortemente ligado à indústria, que vem enfrentando forte concorrência dos produtos importados no mercado doméstico por conta do câmbio valorizado e do alto custo da infraestrutura. O setor industrial cresceu apenas 1,6%, alavancado pela alta de 3,8% da indústria extrativa mineral, que inclui a extração de petróleo, uma vez que a indústria de transformação, a mais afetada pelos problemas de competitividade, apresentou alta de apenas 0,1% no período. Por dentro da indústria de transformação, salta aos olhos o crescimento do setor de produção de gasolina e óleo diesel.
A produção de combustíveis fósseis cresceu apesar da capacidade de refino no país estar no limite, mas tal crescimento não foi suficiente para atender à demanda doméstica, levando à necessidade de se importar grandes quantidades de combustíveis. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2011, o consumo aparente da gasolina ficou em 165 milhões de barris, com crescimento de 18,8% em relação a 2010, e as importações atingiram a marca de 13,8 milhões de barris, com crescimento superior a 300% em relação ao ano anterior. No caso do diesel, o consumo aparente de 2011 cresceu 4,4%, ficando em 64,5 milhões de barris e as importações foram de 58,7 milhões de barris, alta de 4% em relação a 2010.
O setor agrícola, que responde por apenas 5,5% do PIB, foi o que apresentou maior crescimento no período, com alta de 3,9%. Os destaques ficaram com commodities nas quais o Brasil tem evidentes vantagens comparativas, como soja e algodão, enquanto a cana-de-açúcar registrou queda de 11,6% na produção, resultado da falta de política para os combustíveis renováveis.
O setor de serviços cresceu 2,7% e o comércio cresceu 3,4%. O bom desempenho relativo do comércio é corroborado pela elevação de 6,3% no consumo de energia elétrica do setor, muito acima da media dos demais (3,6%). Pela ótica da demanda, o destaque foi o crescimento de 4,1% do consumo das famílias. Esse incremento é comprovado pela alta de 4,6% no consumo de energia elétrica residencial.
Assim, o cruzamento dos dados do PIB de 2011 com as estatísticas de produção e consumo de energia mostra algumas assimetrias que vêm acontecendo no Brasil. Do ponto de vista agregado, o mix de política econômica vem induzindo fortemente o consumo que não está sendo atendido pela indústria nacional. Do ponto de vista do setor energético, os dados divulgados pelo IBGE mostram o aumento no consumo de combustíveis fósseis em detrimento dos renováveis, e o crescimento do consumo de energia elétrica no setor residencial. O que reflete a política de incentivo ao crédito para consumo dos bens não duráveis em detrimento dos investimentos em infraestrutura. (Brasil Econômico)
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* Prazos referentes ao PROINFA serão discutidos em audiência pública
A análise do número mostra que o desempenho da economia não foi tão ruim e a comparação dos dados do IBGE com o consumo de energia corrobora essa ideia. O mau desempenho da economia esteve fortemente ligado à indústria, que vem enfrentando forte concorrência dos produtos importados no mercado doméstico por conta do câmbio valorizado e do alto custo da infraestrutura. O setor industrial cresceu apenas 1,6%, alavancado pela alta de 3,8% da indústria extrativa mineral, que inclui a extração de petróleo, uma vez que a indústria de transformação, a mais afetada pelos problemas de competitividade, apresentou alta de apenas 0,1% no período. Por dentro da indústria de transformação, salta aos olhos o crescimento do setor de produção de gasolina e óleo diesel.
A produção de combustíveis fósseis cresceu apesar da capacidade de refino no país estar no limite, mas tal crescimento não foi suficiente para atender à demanda doméstica, levando à necessidade de se importar grandes quantidades de combustíveis. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2011, o consumo aparente da gasolina ficou em 165 milhões de barris, com crescimento de 18,8% em relação a 2010, e as importações atingiram a marca de 13,8 milhões de barris, com crescimento superior a 300% em relação ao ano anterior. No caso do diesel, o consumo aparente de 2011 cresceu 4,4%, ficando em 64,5 milhões de barris e as importações foram de 58,7 milhões de barris, alta de 4% em relação a 2010.
O setor agrícola, que responde por apenas 5,5% do PIB, foi o que apresentou maior crescimento no período, com alta de 3,9%. Os destaques ficaram com commodities nas quais o Brasil tem evidentes vantagens comparativas, como soja e algodão, enquanto a cana-de-açúcar registrou queda de 11,6% na produção, resultado da falta de política para os combustíveis renováveis.
O setor de serviços cresceu 2,7% e o comércio cresceu 3,4%. O bom desempenho relativo do comércio é corroborado pela elevação de 6,3% no consumo de energia elétrica do setor, muito acima da media dos demais (3,6%). Pela ótica da demanda, o destaque foi o crescimento de 4,1% do consumo das famílias. Esse incremento é comprovado pela alta de 4,6% no consumo de energia elétrica residencial.
Assim, o cruzamento dos dados do PIB de 2011 com as estatísticas de produção e consumo de energia mostra algumas assimetrias que vêm acontecendo no Brasil. Do ponto de vista agregado, o mix de política econômica vem induzindo fortemente o consumo que não está sendo atendido pela indústria nacional. Do ponto de vista do setor energético, os dados divulgados pelo IBGE mostram o aumento no consumo de combustíveis fósseis em detrimento dos renováveis, e o crescimento do consumo de energia elétrica no setor residencial. O que reflete a política de incentivo ao crédito para consumo dos bens não duráveis em detrimento dos investimentos em infraestrutura. (Brasil Econômico)
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