quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Ministro defende decisão do governo por não fazer racionamento de energia

O ministro Edson Lobão (Minas e Energia) defendeu nesta terça-feira a decisão do governo de não adotar, neste ano, uma campanha de racionamento de energia elétrica. A decisão -tomada durante período de campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff- foi duramente criticada por especialistas do setor e empresários. 

Em nota, publicada na página oficial do ministério, Lobão disse que as "previsões catastróficas que tanto medraram o país durante o ano de 2014, para nossa felicidade, não se realizaram".

A nota diz também que "todas as providências adotadas [pelo governo] mostraram que não foi necessário haver racionamento".

O nível dos reservatórios das hidrelétricas no Brasil, entretanto, nunca estiveram tão baixos.

Informações mais recentes do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostram que no Sudeste/Centro-Oeste, principais regiões para geração elétrica, a média de abastecimento de água nas usinas é de 16,3%.

A Bacia do Rio Paraná, por exemplo, tida como uma das principais do país está em situação crítica. O reservatório Ilha de Três Irmãos, por exemplo, está seco. Seu nível de abastecimento é zero.

Também não há registros de que tenha sido necessário, em qualquer outro momento, um uso tão intensivo das usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes.

Em geral, essas geradoras são ligadas apenas por períodos curtos de tempo.

Por este motivo, especialistas do setor temiam que os equipamentos pudessem até mesmo sofrer efeitos da sobrecarga, o que demandaria maior custo para reparos e tempo para realizar manutenção.

O gasto total do governo com o uso das térmicas em 2014 não foi divulgado pelo governo.

Em 2013, essa conta chegou a quase R$ 10 bilhões -dinheiro que foi aportado pelo Tesouro e que seria repassado para as tarifas em parcelas menores ao longo de cinco anos. Esse valor ainda não começou a ser pago.

O ministro e sua equipe não atenderam a imprensa para tirar dúvidas.

Previsões - A nota do ministério informou ainda que a reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor elétrico), realizada mais cedo, fez um balanço das ações para 2015.

No futuro, o ministério prevê risco de 4,2% para déficit de energia nas regiões Sudeste/Centro-Oeste. Para o Nordeste o risco é menor: 0,3%. Ambos os percentuais estão dentro do limite estabelecido, pelo próprio governo, para nortear ações de controle do setor.

O Ministério de Minas e Energia também informou que, nos próximo cinco anos, o parque gerador de energia elétrica no país será ampliado em 42 mil megawatts. Deste total, 96,5% do incremento virá por meio de contratações em leilões.

Apenas no próximo ano estariam programados cinco leilões, incluindo fontes alternativas deenergia; energia de reserva; e usinas novas que entregarão sua geração em 2020, 2018 e 2016.

Já os leilões de transmissão, em 2015, devem oferecer outorga de 12.963 quilômetros de linhas para concessão. A licitação do segundo sistema de transmissão da usina de Belo Monte, com 2.450 quilômetros de linhas, também está sendo considerada.

A ideia do governo é para que, até 2019, sejam contratados cerca de 33.820 quilômetros de linhas de transmissão.

O governo defendeu que no primeiro trimestre de 2015 será realizada também a primeira licitação de gasoduto no modelo de concessão, localizado entre os municípios de Itaboraí e Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro. O gasoduto levará o gás produzido nas reservas do Pré-Sal para a malha de transporte existente. ( Folha Online)
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