quarta-feira, 19 de março de 2014

Agência libera fundo de reserva para socorrer o setor de energia

O governo encontrou uma "nova" fonte de recursos para melhorar as contas do setor elétrico, que neste ano deverão ter um rombo de ao menos R$ 12 bilhões. Segundo plano anunciado na semana passada, as perdas serão cobertas pelo Tesouro e, na maior parte, por repasses ao consumidor, a partir de 2015. Ontem, a Aneel aprovou que o saldo gerado com a venda da energia reserva (veja quadro acima) seja usado para socorrer o setor.


As empresas estão com dificuldades de caixa porque têm sido obrigadas a comprar energiamais cara, sem repassar o custo extra às tarifas.A opção da Aneel foi permitida justamente porque a energia do mercado livre subiu muito (neste ano bateu no teto de R$ 822/MWh) e, com isso, o fundo de energia reserva começou a gerar excedente, já que o valor contratado foi menor.

O saldo atual é de cerca de R$ 300 milhões e, até o fim do ano, pode chegar a R$ 2,9 bilhões, segundo o governo. De acordo com a decisão da Aneel, 79% servirão para abatimento da dívida das distribuidoras e o restante vai beneficiar consumidores livres: indústrias, por exemplo, que compram sua energia diretamente em leilões.

Delfim critica - A política do governo de segurar o preço da energia foi criticada ontem em seminário por um dos conselheiros da presidente Dilma, o ex-ministro Delfim Netto. Delfim disse que, se o governo der ao mercado a "oportunidade de funcionar" --uma sugestão não explícita para o aumento de tarifas--, o consumo de energia poderia recuar rapidamente.

A estratégia do governo tem elevado a desconfiança de empresários, o que deprime investimentos e afeta o crescimento, acrescentou. Isso porque fica a expectativa de que a correção será feita em algum momento. "Estamos repetindo erros controlando alguns preços. Não vejo nenhuma vantagem, sinal de que até eu aprendo", afirmou.

Entre o final dos anos 70 e início dos 80, o ex-ministro adotou essa estratégia para domar os índices de preços. "Nós acumulamos uma inflação e temos que absorvê-la. Não adianta empurrar a inflação para a frente". (Folha de S. Paulo)
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